A que ponto chegamos?

Esse "Cartão Postal" não representa a minha cidade.

Esse “Cartão Postal” não representa a minha cidade.

Abro o Google no meu navegador e digito “Cartão postal de São Paulo”, clico em Imagens para ver o resultado. Minha primeira página traz no resultado 20 fotos dentre as quais 15 são da Ponte Octávio Frias de Oliveira.

Prazer, me chamo Alê Silva… Mas quem é esse tal Octávio Frias de Oliveira que virou ponte?
Aproveito meu Google já aberto e procuro “Octavio Frias de Oliveira” – (1912 – 2007) Jornalista, editor e empresário, nascido no Rio de Janeiro que comprou a Folha de São Paulo em 1962. Foi bisneto de político influente… Ok, ok, tá explicado!
Ainda bem que para nós, meros moradores da cidade, ela é simplesmente a “ponte estaiada”.

Mas voltando à minha primeira pesquisa, “Cartão postal de São Paulo”… Onde estão Av. Paulista com o MASP e Trianon; Parque Ibirapuera com seus monumentos; Vale do Anhangabaú, Viaduto do Chá e Teatro Municipal?
O que aconteceu com os verdadeiros cartões postais de São Paulo?

A que ponto chegamos, que o cartão postal da cidade virou, uma ponte de concreto sobre 16 pistas de asfalto às margens de um rio cheio de cocô?

Então é isso que representa minha cidade, uma ponte, um monte de asfalto e um rio fedido?

Bom, com certeza essa imagem não representa a minha cidade! Talvez represente o tal “espírito paulistano”, uma mistura de egoísmo e alienação como nunca se viu igual, e para piorar, nesse “cartão postal” não se pode parar o carro, nem são permitidos pedestres ou ciclistas!

Mas voltando a um dos bons e velhos cartões postais da cidade. a Av. Paulista esquecida e renegada para a segunda ou terceira página do Google, neste último mês voltou a ser assunto na mídia. Para quem não sabe está em andamento um projeto para implantação de uma ciclovia no seu canteiro central.

Que show né, poder pedalar com segurança no cartão postal de São Paulo, visitar o MASP e o Trianon, e aproveitar pra dar uma parada num dos inúmeros bares ou cafés da região? O mesmo é feito em tantos cartões postais em outras grandes cidades pelo mundo, finalmente vamos aproveitar por aqui também.
Ilustração da Ciclovia da Av. Paulista.

Ilustração da Ciclovia da Av. Paulista.

Opa, mas não é bem assim… Mal falou-se dela e uma legião de “espíritos paulistanos” já estão tentando barrar a implantação da ciclovia, pois esta pode “descaracterizar” a avenida que tem em seu entorno diversos prédios tombados pelo patrimônio histórico. Imagina só vão ter que remover ou readequar alguns relógios e canteiros de plantas para passar a ciclovia! Que absurdo!
Engraçado que para construir mais pistas na Marginal Tietê, ninguém reclamou ao tirarem centenas de árvores, mas estão reclamando de tirar uns arbustos na Paulista! O projeto vai “descaracterizar” a avenida pois vão tirar os relógios!
A que ponto chegamos meus amigos?
Aos críticos de plantão, o projeto prevê o estreitamento de 3,0m para 2,80m de cada faixa de rolagem dos carros. São só 20cm! Nenhuma das 4 faixas em cada sentido será retirada, mas com o estreitamento ganha-se valiosos 80cm para que um bicicleta circule em segurança, segregada por grades no canteiro central!
Ah, mas vai descaracterizar a avenida!
GRAÇAS A DEUS VAI DESCARACTERIZAR A AVENIDA!!!  Quem disse ou determinou que o que existe hoje é o que queremos? A Av. Paulista deixará de ser apenas um corredor para carros e passará a ser muito mais bonita, muito mais usada, muito mais humana! Imaginem a quantidade de turistas de alto poder aquisitivo, que hospedam-se regularmente nos Jardins e terão como programa pedalar na “Paulista Avenue”.
Vou repetir a pergunta… A que ponto chegamos?
Bom passeio,
Alê Silva.

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